terça-feira, 21 de dezembro de 2010

MAIS UMA ALTERNATIVA DO CACAU

foto(c) Ed Ferreira

Novo medicamento usa teobromina, composto encontrado no cacau, para combater a tosse persistente.

Cientistas testam remédio para tosse à base de chocolate. A teobromina encontrada no cacau ou no chocolate ajuda a combater a tosse. Pesquisadores britânicos afirmam que um componente químico presente no chocolate poderá ser transformado em um remédio para a tosse persistente em breve. O remédio, que contém teobromina - um ingrediente encontrado no cacau e no chocolate - está em fase final de testes. Os cientistas dizem que a droga pode estar no mercado dentro de dois anos. A tosse é considerada persistente quando dura mais do que suas semanas. Os remédios mais utilizados no combate a este tipo de tosse são opiáceos como xaropes que contêm codeína, um narcótico.
No entanto, a Agência Reguladora de Remédios e Produtos Medicinais (MHRA) do país disse que menores de 18 anos não podem ingerir remédios com este ingrediente.
Vantagens
Segundo os pesquisadores, o tratamento com teobromina não terá o mesmo problema. E como o composto não tem sabor, o remédio também poderá ser ingerido por quem não gosta de chocolate.Acredita-se que a teobromina inibe o estímulo involuntário do nervo vago, uma das principais causas da tosse persistente. A droga, chamada de BC1036, está sendo desenvolvida pela empresa privada britânica SEEK.
Estima-se que todos os anos cerca de 7,5 milhões de pessoas sofram de tosse persistente na Grã-Bretanha.





quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cacau pode ajudar a expandir fronteira agrícola na Amazônia

A produção de cacau pode ser um novo trunfo na expansão da fronteira agrícola na Amazônia. Essa perspectiva foi lançada durante audiência pública da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), nesta terça-feira (22), sobre o potencial de exploração da cultura no Pará. O alto índice de produtividade apresentado por hectare e o fato de ser uma espécie nativa da Amazônia credenciariam o cacau como atividade agrícola com viabilidade econômica e sustentabilidade ambiental, que vem sendo usada, inclusive, em reflorestamentos de áreas declaradas como reserva legal.

Essa vantagem comparativa do cacau do Pará em relação ao da Bahia foi apresentada pelo produtor Francisco Alberto de Castro, representante do pólo cacaueiro da Transamazônica e da Federação da Agricultura do Estado do Pará (Faepa). Segundo informou, a produtividade do cacau paraense é de mil quilos por hectare, o que dá uma rentabilidade de R$ 6 mil. Na Bahia, o rendimento por hectare situa-se em 300 quilos, o que seria insuficiente até para cobrir os custos de produção.

Ciente das dificuldades enfrentadas pelos cacaueiros baianos, assolados pelo endividamento e pela praga da "vassoura de bruxa", Francisco de Castro não defende o abandono desses produtores, mas reivindica maiores incentivos do governo federal à lavoura paraense. As principais deficiências enfrentadas no Pará, conforme assinalou, são carências de técnicos da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e de produção de sementes.
Essas falhas foram reconhecidas pelo diretor da Ceplac, Jay Wallace da Silva e Mota, que informou já ter solicitado a contratação temporária de técnicos e a realização de concurso em 2011 - 23 anos após a última seleção pública - para pesquisador e extensionista. Apesar dessas dificuldades, Jay Wallace também aposta no potencial do Pará para despontar no cenário mundial de produção de cacau, dominado hoje pela África. O estado já tem 500 mil hectares dedicados ao cacau só ao longo da Transamazônica.
- Pará e Rondônia estão garantindo o crescimento do cacau no país, hoje. A distribuição de 15 milhões de sementes pela Ceplac no Pará, que, em 2009, respondeu por 25% da produção brasileira, está permitindo a expansão anual de 10 a 12 mil hectares na área de cultivo no estado - afirmou.

O diretor da Ceplac lamentou que o Brasil tenha de importar, anualmente, 50 a 90 mil toneladas de cacau. Além da possibilidade de desmobilização do parque industrial de beneficiamento já instalado, Jay Wallace advertiu que esse cenário representa queima de divisas e risco de "importação" de pragas
do cacau trazido da África e da Ásia. Conforme argumentou, o esforço para ampliar a capacidade de produção também vai fortalecer o processo de industrialização.

*Simone Franco / Agência Senado

sábado, 12 de junho de 2010

ALERTA CIENTÍFICO e AMBIENTAL

Colaboração especial:
*Jose Resende Mendonça e Fatima Lessa

Vazamento no Golfo do México: cadê o Greenpeace?

Rio, 1/jun/10 – “Mais óleo está vazando agora no Golfo do que em qualquer outro momento de nossa história. Este é sem dúvidas o maior desastre ambiental já enfrentado pelos Estados Unidos”, afirmou a desolada conselheira de energia da Casa Branca, Carol Browner, sobre o catastrófico vazamento de petróleo da plataforma Deepwater Horizon, operada pela British Petroleum (BP), no Golfo do México.
Um mês e meio após a explosão da plataforma, que causou a morte de 11 trabalhadores, cerca de 12 mil barris de petróleo jorram diariamente no oceano. Estimativas do governo estadunidense indicam que mais de 100 milhões de litros de óleo já vazaram, sobrepujando o volume da tragédia ambiental causada pelo lendário petroleiro Exxon Valdez, no Alasca, em 1989. [1]
A BP já gastou mais de US$ 900 milhões para conter o vazamento, sem sucesso até agora. A tentativa mais recente, batizada de “Top Kill”, pretendia inundar o poço com lama e outros detritos para conter o vazamento, mas fracassou. Agora, a nova idéia é remover a tubulação danificada e trocá-la por uma outra, mas os resultados são bastante discutíveis e corre o risco de aumentar ainda mais o vazamento. Diante desses fracassos, o próprio governo estadunidense já prepara a opinião pública para a hipótese de que somente a perfuração de um novo poço resolverá o problema, mas isso demoraria pelo menos dois meses. Nesses caso, cientistas prevêem que a mancha de óleo deverá atingir as costas da Flórida, além de colocar em risco outros países do Caribe, inclusive Cuba.
Em tal quadro, se avolumam as críticas, dentro e fora dos EUA, contra a atuação da BP e do próprio governo estadunidense. Dentre essas vozes, contudo, não se ouve uma das mais estridentes em casos parecidos: a do Greenpeace. Por exemplo, em janeiro de 2000 houve um acidente com o oleoduto da Refinaria Duque de Caxias (Reduc) que ocasionou um lamentável vazamento de 1,2 milhão de litros de óleo na baía de Guanabara. Ato contínuo, o Greenpeace desencadeou uma intensa campanha internacional contra a Petrobras que chegou, mesmo, a afetar os papéis da estatal em Wall Street. Entre outras medidas, o Greenpeace e caterva exigiam a “remoção da Reduc daquela região” e o Ministério Público chegou ao extremo de anunciar a intenção de interditar o refinaria, alheio ao fato dela ser responsável, na época, pela produção de 80% dos lubrificantes e 100% do querosene de aviação consumidos no País, além de abastecer 700 mil residências com gás natural.
Uma das interpretações para essa postura infame de dois pesos e duas medidas da ONG é o “pedigree” das empresas envolvidas: de um lado, uma estatal de país em desenvolvimento; do outro, uma jóia da Coroa Britânica, uma das ex-Sete Irmãs que formataram a geopolítica do petróleo desde os primórdios da sua exploração. Outras interpretações nos remetem diretamente ao advento do próprio ambientalismo que se entrelaça com poderosas personalidades do Establishment britânico, onde a BP sempre ocupou posição de destaque. Seja como for, a pergunta que persiste na lambança da BP no Golfo do México é: cadê o Greenpeace?

Para quem quer saber mais sobre o Greenpeace, sugiro os seguintes artigos:

*Fé no Greenpeace

*(Artigos/Ambientalismo) Militante - Eu vim porque sou membro do Greenpeace e nós ouvimos que essa conferência é sobre algumas pessoas que negam as mudanças climáticas. Monckton - Tem havido mudanças climáticas por quatro bilhões ...

*Lorde Monckton vs. Greenpeace

*(Artigos/Ambientalismo) Monckton - Volte ao Greenpeace, que organiza esse evento (protesto), e pergunte a quem tenha te mandado aqui, por que o fizeram, agora que você sabe que não houve aquecimento global nos últimos 15 anos. ...

*Obama Pronto a Ceder a Soberania dos EUA, afirma Lorde Britânico (Internacional/Estados Unidos)


*... do tratado? É isso mesmo: elas não aparecem nenhuma vez. Então finalmente os comunistas, que saíram correndo do muro de Berlim para dentro do movimento ambientalista, que tomaram o Greenpeace de maneira ...

*Amazônia: doação anunciada

*(Arquivo/Arquivo) ... mais poderosos da Inglaterra, através do Príncipe Charles, como a World Wildlife e o Greenpeace, o Royal Botanic Garden e a Conservation International (http://www.conservation.org.br/onde/)”. ...

*Ciência versus Ecologismo

*(Arquivo/Arquivo) por Carlos Wotzkow

*Aquecimento mental – 2ª Parte

*(Arquivo/Arquivo) ... do Greenpeace). O ecologismo, como o comunismo, não é mais que outra técnica para instigar a luta de classes. O exemplo mais “avançado” no mundo ocidental é ...

*Aquecimento mental – 1a. Parte

*(Arquivo/Arquivo) ... being a terrorist, as long as you win”. “Earthworms are far more valuable than people”. (Paul Watson - Co-fundador do Greenpeace) Disse muitas vezes e o repito agora: o ecologismo mundial ...

*A agenda pré-insurgente do MST

*(Arquivo/Arquivo) ... Na Argentina: Fundação Centro de Estudos de Direitos Humanos e Meio Ambiente (CEDHA), Assembléia Cidadã Ambiental de Gualeguaychú e o Greenpeace Argentina. Entre os financiadores ...

*A Ecologia da Libertação e a expropriação do Amazonas

*(Arquivo/Arquivo) ... maior) em momentos de extrema epidemia de fome, e só para agradar uma petição racista do Greenpeace. O objetivo ecologista, no dizer dos desejos confessados do fundador do WWF, nunca ...

*O Neoliberalismo – o inimigo anterior

*(Arquivo/Arquivo) ... e privada. * “Papelera” foi o nome dado na campanha contra a instalação de uma indústria de papel e pasta de celulose, pelos eco-terroristas do Greenpeace e assemelhados, ...

*“Máfia Verde” ataca o Mercosul

*(Arquivo/Arquivo) por Carlos I. S. Azambuja É mais que hora de se reconhecer que entidades como a Greenpeace...

*Destruindo a soberania do Brasil

*(Arquivo/Arquivo) por Carlos Wotzkow Por trás de cada manifestação e de cada queima de plantação de cultivos de transgênicos, há um batalhão de burocratas ...

*A Jihad ecologista

*(Arquivo/Arquivo) por Carlos Wotzkow Alguém já viu ativistas do Greenpeace protestando contra a derrubada dos bosques que Fidel Castro tem levado a cabo, contra o enriquecimento de Urânio ...

*Acabar com a fraude requer conhecer o fraudador

*(Arquivo/Arquivo) ... ativistas do Greenpeace que não os vejo pendurados em suas cordas, nem seus cartazes absurdos em todas as pontes do rio Songhua? Juro que foi lá, na China, e não aqui na aprazível ...

*Na base da adivinhação

*(Arquivo/Arquivo) ... e cínicas do planeta, o Greenpeace. Os ativistas Marshall Kirk and Hunter Madsen escreveram After the Ball: How America Will Conquer Its Fear and Hatred of Gays in the '90s, a bíblia ...

*Digam-me a verdade!

*(Arquivo/Arquivo) por Carlos Wotzkow A revista Science demonstra como a propaganda comunista é capaz de enganar de maneira insana os ingênuos nos EUA. Recentemente, a revista Science, a mesma de sempre: ...

*A máquina e suas maquinações

*(Arquivo/Arquivo) ... da Galícia, da Andaluzia e, internacionalmente com o PC Cubano, com nosso conhecido Greenpeace, com a Marcha Mundial das Mulheres e assim por diante. Acessando qualquer desses sites você não ...

*O mito de que somos uma população grande demais

*(Arquivo/Arquivo) por Michael Fumento Há gente demais e comida de menos, é o que afirmam os grupos de pressão pró-aborto.Só há um problema: O abastecimento de ...

*Comunidade versus Império

*(Arquivo/Arquivo) ... do meio-ambiente que, em outras palavras, significa o engessamento econômico do terço verde do país. É a ONU, a Human Rights Watch, a Unesco, a WWF, o Greenpeace e uma outra ...
*Tsunami: um balanço

*(Arquivo/Arquivo) ... de nosso presidente podem explicar esta declaração desastrada mas não é só isso: o Greenpeace, logo após a tragédia, tratou de continuar batendo na tecla ...


quarta-feira, 9 de junho de 2010

MATA ATLÂNTICA SOBRE CACAUEIROS – VERDADES E MENTIRA UM RELATO AMBIENTAL


Por*José Rezende Mendonça


OBJETIVOS
Na necessidade de melhor informar dos recursos vegetais, especialmente arbóreos utilizados no sombreamento de cacaueiros, este relato visa de maneira simples despertar a comunidade científica para uma outra realidade ocorrida na região cacaueira da Bahia.

Sob o ponto de vista estatístico, tem o objetivo de contribuir para o conhecimento geral do desmatamento, levando-se em conta como fator principal a densidade de árvores (arbóreas) desde o fim do século passado (1868), até o ano de 1990 aproximadamente.

MATERIAIS E MÉTODOS
Os instrumentos básicos de trabalho foram fotografias aéreas verticais, em preto e branco, na escala de 1:108.000, vôo executado pelos Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul em 1974, para atender o convênio Sudene/Governo do Estado da Bahia, como também mapas municipais do uso da terra, resultantes de fotointerpretações, reduções e ampliações em pantógrafo ótico de precisão e planímetro marca Rosenhain.
As etapas de trabalho desenvolvidas foram as seguintes:

1. Preliminarmente pesquisou-se toda bibliografia e mapas relacionados com o tema, disponíveis.

2. O trabalho com fotografias aéreas e mapas, limitou-se apenas na comparação de área de cacau sob mata.

3. Após consultar diversos livros, de autores regionais, adotou-se a forma do trabalho em um relato, pela sua praticidade de leitura, de modo a atingir o maior número possível de leitores.


CONCLUSÕES
Objetivando a melhor apreciação dos resultados deste relato e oferecendo subsídios para o desenvolvimento desta região, estas conclusões são desdobradas nas seguintes:

1. A dinâmica da ocupação da terra foi em função do momento, em que os conhecimentos teóricos ou práticos eram disponíveis ou a serem desenvolvidos quando solicitados, em decorrência da demanda do produto agrícola (cacau).

2. Em nome da melhor produção e produtividade esqueceu-se de pesquisar a prática ecologicamente mais correta.

3. As possibilidades são variadas para o desenvolvimento desta região. Além da utilização agrícola, é predestinada a preservação da natureza e turística. No entanto adoção de melhores alternativas deverá levar em conta: a) capacidade decisória e os recursos dos órgãos públicos; b) a participação do produtor ou do usuário desta região, os quais deverão ser suficientes informados e conscientizados dos objetivos e das alternativas escolhidas; e os serviços humanos como educação, saúde e habitação.
Para falar da verdadeira mata atlântica, na região cacaueira, este relato foi dividido em três fases.
Na primeira fase denominamos de:
 “O DESMATAMENTO PELO ENRIQUECIMENTO SEM LEI”, e para isto, começaremos citando alguns trechos do romance, Terras do Sem-Fim de Jorge Amado.
“A gente vive numas brenhas danadas, derrubando mata pra plantar cacau... É trabalho dia e noite, derrubar mata e plantar roça... A cobiça e o desejo de enriquecimento levam os fazendeiros a se confrontar, para quem as armas são a única lei”.
Nesta época, apesar da mata possuir uma densidade altíssima que chegava até 988 árvores/ha, conforme um levantamento recente, feito em mata virgem, na região de Serra Grande, município de Uruçuca, por pesquisadores do Setor de Botânica do CEPEC, para esta fase utilizaremos uma média de 270 árvores/ha, por se tratar apenas de plantas com características adequadas para o sombreamento de cacaueiros.
Os desbravadores aqui chegando à busca de tão cobiçadas terras férteis, para o plantio do cacau, começaram a praticar o primeiro desmatamento, para formar as roças de cacau. Por entenderem que o cacaueiro era uma planta exigente em sombreamento, não partiram para a derruba total da mata e sim para o raleamento de árvores para melhor formar suas roças.

O que mais impressiona nesta fase, é que, segundo dados levantados em 1972, pela CEPLAC, já constatava que a média de 270, baixara para 76 árvores/ha, o que representa um raleamento de 72% das árvores que formavam um manto contínuo de mata atlântica.

Neste levantamento da CEPLAC, constatou-se um mínimo de 25 e o máximo de 323 árvores/ha, com 176 espécies diferentes, com a seguinte frequência: Cajazeira 4 plantas, Ingazeiro 3,8; Jaqueira 3,3; Pau d’Alho 2,0; Gameleira 1,5; Louro 1,4; Caobi 1,3; Eritrina1,1; Cedro 1,1; Bilreiro 1,0; Jenipapeiro 0,7; Vinhático 0,6; Jequitibá 0,6; Sapucaia 0,4, num trabalho realizado em 61 propriedades, em diversos pontos diferentes na Região Cacaueira.

Na Segunda fase, denominamos de:
“O DESMATAMENTO OFICIAL E FINANCIADO”. (1968), neste caso, começaremos citando alguns trechos de publicações da Revista Cacau Atualidades da Ceplac.

“ É importante assinalar, entretanto, que a exposição direta da luz solar não é prejudicial ao cacaueiro... Este conceito nos obriga a reconsiderar o problema do sombreamento de modo diferente ao tradicionalmente adotado pelos agricultores, que estabeleceram suas plantações com excesso de sombreamento, por considerarem o cacaueiro como planta típica de sombra “. “ Geralmente, as plantações tradicionais na Bahia possuem, em média de 70 a 90 árvores de sombra por hectare... Com este elevado número de árvores, a adubação geralmente não tem nenhum efeito...A experiência tem demonstrado ser necessário reduzir a densidade de sombreamento, eliminando-se entre 50 a 70 %, das árvores de sombra”. (grifo nosso)
Nesta fase, que perdurou até os anos 80, a mata atlântica sofreu uma Segunda devastação, considerando as práticas recomendadas nesta época, com a RENOVAÇÃO DOS CACAUEIROS COM OU SEM DERRUBA TOTAL DA MATA E IMPLANTAÇÃO DE NOVOS CACAUEIROS COM A DERRUBA TOTAL DA MATA.
Em termos quantitativos restou aproximadamente de 23 a 38 árvores de sombra por hectare, já que neste período estima-se que dos 200.000 ha de cacau implantados e ou renovados, obedeceu-se o critério de eliminação de 50 a 70% das árvores de sombra por hectare.

Mais uma vez, obedecendo critérios estimativos em dados levantados oficialmente, podemos afirmar que nestas duas fases de agressão a mata atlântica, foram eliminados nada menos que 89 milhões e 400 mil árvores nos 600 mil hectares de cacau, o que perfaz um volune de 134.994.000m3, considerando-se a altura de 10m, a circunferência de 1,39m e o volume de 1,51m3, médias destas árvores, conforme levantamento da Ceplac.

Em termos comparativos, isto seria o suficiente para “assoalhar” 583,1 mil campos de futebol do tamanho do Maracanã ou os municípios de Ilhéus, Itabuna, Jussari, Uruçuca, Una, Arataca, Itacaré e Itapé com tábuas de ( 400cm x 30cm x 2,5cm).

Na terceira fase, denominamos de:
“ O DESMATAMENTO PELA SOBREVIVÊNCIA”. (1992). Neste caso começaremos citando alguns trechos de diversas reportagens em jornais da Bahia.

“ Mas restam dúvidas sobre os destinos da cacauicultura baiana infestada pela “vassoura-de-bruxa”, e das seqüelas desta extração descontrolada de madeira...Propriedades de todos os tamanhos, quase sempre tomadas pela “vassoura-de-bruxa” são avaliadas exclusivamente pelo potencial madeireiro, e adquiridas para posterior desmatamento e transformação em pastagem”.

Nesta fase, pouco se sabe em termos quantitativos sobre o desmatamento ocorrido, desde que oficialmente foi encontrado o primeiro foco da “vassoura-de-bruxa”, no município de Uruçuca. Em determinados casos sabe-se que na região de Camacan, ou outro município isoladamente estariam praticando o desmatamento em nome da sobrevivência, sem que haja dados oficiais desta destruição.

Por outro lado, com a chegada dos “sem-terra” nesta região, através da REFORMA AGRÁRIA, algumas árvores por certo já tombaram e tombarão, para montar a infra-estrutura, e até vendê-las, devido a demora do Governo Federal, na liberação de verbas para tais assentamentos.

O que se sabe, é que mais uma vez a mata atlântica que protegia os cacaueiros e consequentemente os solos e os rios desta região, está cada vez mais condenada a lembranças de meras árvores isoladas na imensidão dos 600 mil hectares de cacau, se é que, ainda existe toda essa área.

Feito todo este relato, concluímos dizendo, que não foi nossa intenção CONDENAR os primeiros desbravadores da região do cacau, nem tão poucos a Ceplac ou os “sem-terra”, e sim para justificar a nossa afirmação que esta mata atlântica, tão badalada e servindo de muitos trabalhos e argumentos não verídicos para ecologistas, ambientalistas, políticos, etc., trata-se apenas de um “ESQUELÉTICO VERDE”, que representa apenas 17% do número de árvores da floresta original do século passado.

Mesmo assim, vale salientar que este percentual, mesmo que baixo, deve-se ao cultivo do cacau, pois se assim não o fosse, nesta região teria ocorrido o mesmo que no Extremo Sul da Bahia, onde dos mais de 2,2 milhões de hectares de mata, restaram apenas “ilhas” dentro de uma imensidão de áreas devastadas, fato por nós relatado no trabalho elaborado em 1994, sob o título de 45 ANOS DE DESMATAMENTO NO SUL DA BAHIA.

Aqui pelo menos, as copas das árvores de sombra junto com as dos cacaueiros, ainda protegem o solo, a fauna e a micro-flora; basta se saber até quando, pois é necessário pesquisar mais, recomendando-se para isto, um novo diagnóstico sócio-econômico desta região, incluindo um novo levantamento aerofotogramétrico, pois as imagens de satélite não permitem obterem informações qualitativas e quantitativas do uso atual da terra.

Tais informações já foram prestadas através de relatório em 1993, ao setor de Recursos Ambientais da Ceplac.

Só assim os órgãos governamentais, poderão melhor recomendar soluções para esta região, e não ficar apenas em discursos, reuniões, seminários e congressos, onde normalmente só atinge a comunidade científica. É preciso finalmente, atingir o homem que dela vive e trabalha.


QUADRO 1 - PRINCIPAIS ÁRVORES DE SOMBREAMENTO PARA  O CACAUEIRO, ENCONTRADAS NA BAHIA.

       ESPÉCIE BOTÂNICA                          MÉDIA POR HECTARE
01- Cajazeira (Spondias lutea Linn )  .............................   4,0

02- Ingazeiro Ingá Spp.) ..................................................   3,8

03- Jaqueira (Artocarpus integrifolium Linn.)....................3,3
                  
04- Pau d’Alho (Gallesia gorazema Moq.) .......................2,0

05- Gameleira (Ficus Spp.)...............................................1,5

06- Louro (Nectandra Spp. Ocotea Spp.)..........................1,4

07- Caobi (Cassia multijuga Rich. C. verrucosa).............1,3

08- Eritrina (Erythrina Spp.) ...........................................1,1

09- Cedro (Cedrela glaziovii DC.) .................................1,1

10- Bilreiro (Guarea rosea DC.).....................................1,0

11- Pau de jangada (Apelba tibourbou Aubl.).................0,9

12- Unha de vaca ( Bauhinia Spp.) .................................0,8

13- Carobinha (Jacaranda Spp.) ....................................0,8

14- Ingufo ( Lonchocarpus glabrescens Benth.)..............0,7

15- Jenipapeiro (Genipa americana Linn.).....................0,7

16- Vinhático ( Plathymenia foliolosa Benth.) ..............0,6

17- Jequitibá (Cariniana Spp.) .....................................0,6

18- Lava prato (Croton urucurana Baill.).....................0,6

19- Araçá d’água (Terminalia brasiliensis Eichl.)...... 0,5

20- Pau pombo (Tapirira guianensis Aubl.)................ 0,5

21- Monzê (Pithecolobium polycephalum Benth.)...... 0,5

22- Imbaúba (Cecrópia Spp.)......................................0,4

23- Mamão do mato (Jacaratia dodecaphylla DC.).....0,4

24- Sapucaia (Lecythis Spp.) .....................................0,4
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Fonte : Ceplac